Qual o sistema de irrigação mais usado no Brasil?
Com o rápido crescimento da agricultura irrigada no Brasil, surgem diversas dúvidas devido à falta de conhecimento sobre as principais opções disponíveis para o setor. Por isso, alguns produtores acabam optando por sistemas populares na tentativa de atender às suas necessidades. Mas pensando por essa forma, você saberia responder qual o sistema de irrigação mais usado no país?
O interesse pela agricultura irrigada no Brasil é movido aos inúmeros benefícios que a metodologia oferece, e são muitos os produtores em busca de aderi-lo – independentemente das condições climáticas, culturas, solos e aspectos socioeconômicos de suas fazendas.
No entanto, devido à falta de informações sobre o tema, muitos produtores acabam optando pelo sistema de irrigação que consideram mais adequado ou popular no país. Mas não é assim que deve acontecer!
Para início da história é importante manter os pés no chão e tomar conhecimento da seguinte informação: não existe um sistema de irrigação ideal que seja capaz de atender a todos os interesses e condições envolvidas. Consequentemente, nem sempre o modelo mais popular conseguirá atender à sua cultura.
Portanto, a escolha do sistema de irrigação mais adequado requer uma análise detalhada de vários fatores.
Essa questão se torna ainda mais relevante devido ao rápido crescimento da agricultura irrigada no Brasil, que tem resultado em problemas decorrentes da falta de conhecimento sobre as diversas opções de sistemas de irrigação. Essas incertezas, por sua vez, levam a erros que impactam os lucros e a reputação dos produtores em um setor cada vez mais competitivo.
Neste post, você terá a oportunidade de compreender melhor o panorama atual da irrigação no Brasil, descobrir qual é o sistema de irrigação mais usado no país e entender se ele é (ou não) adequado para a sua fazenda. Deseja saber mais? Continue a leitura!
O Brasil e o panorama da irrigação
Como visto anteriormente, não existe um sistema de irrigação ideal que seja capaz de atender a todos os interesses. Esse ponto está cada vez mais visado porque o Brasil vem se tornando aos poucos umas das regiões que mais utiliza a agricultura irrigada.
Segundo informações mais recentes do Atlas Irrigação, a área total irrigada no Brasil em 2021 é de quase 5,3 milhões de hectares — com potencial de expansão para mais 13,6 milhões de hectares.
Também segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), estima-se que até 2040 mais de 9,3 milhões de hectares recebam irrigação no Brasil, equivalente a um aumento de 56% em comparação ao ano de 2021.
Outro ponto destacado no mais recente relatório do Atlas Irrigação é que a adoção da agricultura irrigada está ganhando popularidade devido às mudanças climáticas observadas nas últimas safras.
O déficit hídrico frequente em várias lavouras, no entanto, tem levado a uma diminuição na produtividade das culturas em diferentes regiões.
Mas, apesar dos desafios enfrentados, o Brasil é uma região de grande destaque na agricultura mundial e bastante visada. Por isso, é crucial ter conhecimento sobre os principais sistemas de irrigação, a fim de manter as culturas com alta produtividade.
Isso resulta em uma produção agrícola sustentável e competitiva, contribuindo para atender à demanda crescente por alimentos no mercado global.
Leia também: Como aumentar a pressão da água para irrigação?
Qual o sistema de irrigação mais usado no Brasil?
Chegou a hora de responder qual o sistema de irrigação mais usado no Brasil. Mas para início de conversa, no entanto, é preciso destacar uma válida e importante informação sobre este curioso tópico: não existe um único sistema de irrigação que seja o mais usado no país. Existem, na verdade, vários.
Segundo o Atlas Irrigação, na última década, o Brasil registrou um crescimento médio anual recorde na área irrigada. Entre os anos 2000 e 2011, a média era de 130 mil hectares por ano, enquanto entre 2012 e 2019, essa média aumentou para 216 mil hectares por ano – um aumento de 66%. Confira:
O relatório também ajuda a identificar os sistemas de irrigação mais usados no Brasil durante os últimos anos, até 2019, foram: irrigação localizada (por métodos de gotejamento e microaspersão) e a aspersão por pivô central — estes, por sua vez, foram responsáveis por cerca de 70% do aumento da área irrigada entre 2006 e 2019.
Portanto, nesta seção você vai conhecer melhor sobre o gotejamento, aspersão por pivô central e a microaspersão.
1. Gotejamento
O gotejamento é uma técnica inserida no grupo das irrigações inteligentes, pois é capaz de oferecer ao cultivo a quantidade de água e nutrientes necessários para seu desenvolvimento. Este processo respeito as fases da planta, e não provoca desgastes no solo, como a lixiviação — responsável pelo empobrecimento, pois remove matéria orgânica e nutrientes.
Ele utiliza uma tubulação em forma de fita com pequenas perfurações chamadas de gotejadores. Essas fitas, por sua vez, são colocadas rente ao solo, posicionadas próximas às raízes das plantas. Por isso, o gotejamento consegue irrigar a cultura de forma localizada, contribuindo para a redução de perdas de água.
Além disso, o gotejamento é comumente utilizado em áreas de cultivo que fazem uso de mulching, uma técnica que consiste em cobrir o solo com materiais orgânicos ou plásticos para conservar a umidade, controlar o crescimento de plantas invasoras e proteger a plantação e o terreno.
Vantagens de usar o gotejamento
- Melhora a qualidade da produção: o sistema de irrigação por gotejamento permite uma aplicação precisa de água diretamente na zona radicular das plantas, resultando no adequado de água;
- Evita o desperdício de água e reduzir a evaporação: os gotejadores evitam o desperdício de água, pois vai oferecê-la diretamente onde é necessário;
- Aplicação em toda a terra cultivada: o gotejamento pode ser adaptado a diferentes tipos de terreno e condições de solo. Assim, o sistema é capaz de permitir a irrigação eficiente em áreas com declives, solos de texturas variadas, entre outros;
- Eficiência energética: conhecido como o sistema de irrigação mais usado por quem busca eficiência energética, ele se destaca neste sentido por conta do seu modo de uso. Como a pressão da água é menor e a distribuição é direcionada para as raízes das plantas, o bombeamento de água é reduzido, resultando em menor consumo de energia elétrica;
- Uso eficiente de fertilizantes: é possível aplicar fertilizantes diretamente na zona radicular das plantas por meio do gotejamento. Isso permite uma nutrição mais eficiente e garante a disponibilização adequada dos nutrientes;
- Estiagem: em períodos de seca ou estiagem, a irrigação por gotejamento será um plus, pois é capaz de fornecer água de forma precisa e controlada diretamente às raízes das plantas. Isso vai ajudar a manter o desenvolvimento das culturas mesmo com a escassez de água.
Desvantagem de usar o gotejamento
A irrigação por gotejamento apresenta desvantagens a serem consideradas, como o custo inicial elevado, a necessidade de manutenção frequente, a complexidade da instalação e a vida útil limitada das mangueiras expostas ao sol.
Além disso, requer o uso de água filtrada, tem custos adicionais com acessórios e restringe a aplicação de produtos químicos.
2. Pivô Central
Já o sistema de irrigação conhecido como pivô central é aquele que consiste em uma estrutura em forma de linha lateral suspensa por torres de sustentação, equipadas com rodas e motores. Basicamente, uma estrutura equipada por diversos aspersores.
Essa estrutura gira em torno de um ponto central, também conhecido como pivô — assim, recebendo o nome –, responsável pelo fornecimento de água e de energia elétrica.
Conforme o pivô se movimenta, a linha lateral asperge água sobre a cultura, garantindo a irrigação adequada. Dessa forma, o pivô central se torna a fonte de abastecimento de água e energia elétrica, enquanto a linha lateral realiza a distribuição da água sobre a cultura na movimentação.
O pivô central é o sistema de irrigação mais comum em lavouras de grandes culturas, como soja, cana-de-açúcar, feijão, milho, entre outras. Conheça suas vantagens e desvantagens a seguir:
Vantagens da utilização do pivô central:
- Longevidade: a vida útil do pivô central é de até 20 anos, reduzindo os custos das operações da fazenda.
- Aplicação precisa de água: o sistema de irrigação por pivô central faz a aplicação precisa da água, direcionando-a de maneira específica para as áreas designadas na lavoura;
- Otimização da força de trabalho: O pivô central reduz a necessidade de mão de obra humana para realizar a irrigação na lavoura. Com a natureza altamente automatizada do aparelho, é possível que uma única pessoa consiga asperger grandes áreas de terras agrícolas sem a necessidade de mais intervenções humanas.
- Automatização: o pivô central pode ser vinculado a outros sensores e, dessa maneira, acionado automaticamente – dependendo dos dispositivos e das condições de umidade do solo;
- Baixo custo de manutenção e operação: o pivô central é robusto e pode ser utilizados por vários meses ou anos, sem precisar passar por uma manutenção.
Desvantagens da utilização do pivô central:
O pivô central na agricultura irrigada apresenta desvantagens a serem consideradas. Isso inclui o alto custo de aquisição, a necessidade de conhecimento técnico especializado para operá-lo, o consumo de energia elétrica, sua limitação em campos irregulares ou pequenos e a possibilidade de obstáculos físicos interferirem em seu funcionamento adequado.
3. Microaspersão
Por fim, a microaspersão é um sistema de irrigação que utiliza emissores para lançar gotículas de água, proporcionando uma precipitação mais suave e uniforme em comparação com a aspersão.
Geralmente, esses emissores operam com asas giratórias ou “bailarinas” (como são conhecidos), podendo trabalhar tanto com a cabeça para cima, quanto de ponta-cabeça. Os microaspersores conseguem lançar água de forma rápida e operam a partir de pressões de 15m.c.a., vazões de 30 l/h e raio molhado de 3m.
Curioso notar que a microaspersão não apenas é utilizada na irrigação de cultivos, mas também pode proporcionar conforto térmico para animais, visto que auxilia no controle da umidade do ar. Além disso, o método e amplamente empregado em ambientes fechados, como estufas de cultivo de flores ornamentais, hortaliças e outros.
Vantagens da microaspersão
- Adequada para terrenos inclinados ou irregulares que não podem ser irrigados por inundação;
- Adaptação fácil aos diferentes tipos de solo;
- Auxílio na fertirrigação, permitindo a aplicação de fertilizantes com a água de irrigação;
- Contribuição para a redução de problemas de pragas e crostas na superfície do solo;
- Distribuição uniforme da água e flexibilidade no tempo e quantidade de aplicação;
- Economia de água ao aplicar diretamente na zona das raízes;
- Menor custo em comparação a outros sistemas’
- Menor lixiviação de nutrientes e melhor sincronização das aplicações de nutrientes com as necessidades das plantas;
- Mínima perda de água por evaporação;
- Possibilidade de irrigação localizada, sem molhar a folhagem de culturas tutoradas;
- Resistência a ventos moderados sem prejudicar a irrigação;
- Uniformidade na umidificação do solo.
Desvantagens da microaspersão
A microaspersão também apresenta desvantagens que devem ser consideradas antes da aquisição de seus acessórios, como o alto custo inicial devido à abundante quantidade de tubulações necessárias, a sensibilidade ao entupimento dos orifícios de saída de água.
Há também a diminuição da profundidade das raízes das plantas, a viabilidade limitada para áreas reduzidas e o potencial entupimento frequente dos orifícios de saída de água, especialmente com baixa qualidade da água.
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